
Hoje eu me lembrei da senhora. Daquele dia. Eu havia me esmerado, aperfeiçoando a pontaria, minha baladeira estava no ponto, no capricho, para atingir o alvo, que era a sua janela marron, de pintura totalmente desbotada.
A hora era a hora precisa, para minha travessura, já que logo após o almoço, todos os burgueses costumam cochilar com a pança cheia da agonia da vida: era a hora precisa...ora se era. Acordar sua inocente loucura me dava uma certa satisfação pessoal, na proibição excessiva e burra,em que os garotos daquela época viviam, de não poder sequer pronunciar uma porra, em quaisquer que fossem os ambientes: público ou privado (ou até mesmo na privada), pois o temor de alguém ouvir e a rígida correção, que certamente viriam, eram aterrorizantes.
A baladeira no ponto, a pedra -cuidadosamente -escolhida. Era o ápice do meu crime juvenil, meu coração se desritimava e acelerava corajosamente, sabedor que eu era da repercussão, que a concretização do meu ato provocaria entre a molecada do bairro.
Prendi a respiração e puuuuuuum. Acertei o alvo em cheio. A janela se abriu e a senhora vomitou os palavrões mais bem ditos(benditos?), saidos de sua total falta de lucidez, da sua doidice incurável.
A janela rapidamente, fechou-se, depois do festival de sacanagens exibido, com a força e a certeza, de quem está sendo escutado, por ouvidos atentos e curiosos.
Dentre as peladas (ou cabeludas) proferidas, eu até então, não tinha conhecimento da palavra pívidia, com que todas as mães foram homenageadas:" vai jogar pedra na pívidia da tua mâe", só algum tempo depois entendi o significado da palavra, usada no Inteiror do Estado, fora do significado principal e de forma pejorativa, mas mesmo assim, Dona Eletricina, jamais me revoltei, em dar o troco a alguém.
Aproximei-me vagarosamente, da janela, para ouvir o que a sua velha loucura cínica resmungava, quando fui flagrado, espiando a intimidade do seu terraço. Fui agarrado, por sua mão tresloucada e arrastado, para dentro da casa, com a fúria insaciável dos loucos.
A sentença foi patética, a afirmação da senhora havia me encucado: "vou fritar alguns ovos para você comer...". A minha admiração e indagação sairam na mesma intensidade, com que recebí a sentença pela peraltice. Por quê ovos fritos?
A resposta entresticida, angustiada, dócil, serena, convicta e racional surgiu fulminante: "é porque, somente quando, os meninos vadios atiram pedras na minha janela, alguém me dá
atenção e eu tenho contato, com os que se dizem normais".
" Comendo ovos, você com certeza, terá mais vigor, mais força, para atirar pedras na minha janela e me tirar da alucinante solidão em que vivo e voltar a este mundo insensato e ridículo e....prazeirozamente, xingar a todos".
Dona Eletricina! HOJE EU ME LEMBREI DA SENHORA. DAQUELE DIA. É QUE ATIRARAM UMA PEDRA NA MINHA JANELA.
A hora era a hora precisa, para minha travessura, já que logo após o almoço, todos os burgueses costumam cochilar com a pança cheia da agonia da vida: era a hora precisa...ora se era. Acordar sua inocente loucura me dava uma certa satisfação pessoal, na proibição excessiva e burra,em que os garotos daquela época viviam, de não poder sequer pronunciar uma porra, em quaisquer que fossem os ambientes: público ou privado (ou até mesmo na privada), pois o temor de alguém ouvir e a rígida correção, que certamente viriam, eram aterrorizantes.
A baladeira no ponto, a pedra -cuidadosamente -escolhida. Era o ápice do meu crime juvenil, meu coração se desritimava e acelerava corajosamente, sabedor que eu era da repercussão, que a concretização do meu ato provocaria entre a molecada do bairro.
Prendi a respiração e puuuuuuum. Acertei o alvo em cheio. A janela se abriu e a senhora vomitou os palavrões mais bem ditos(benditos?), saidos de sua total falta de lucidez, da sua doidice incurável.
A janela rapidamente, fechou-se, depois do festival de sacanagens exibido, com a força e a certeza, de quem está sendo escutado, por ouvidos atentos e curiosos.
Dentre as peladas (ou cabeludas) proferidas, eu até então, não tinha conhecimento da palavra pívidia, com que todas as mães foram homenageadas:" vai jogar pedra na pívidia da tua mâe", só algum tempo depois entendi o significado da palavra, usada no Inteiror do Estado, fora do significado principal e de forma pejorativa, mas mesmo assim, Dona Eletricina, jamais me revoltei, em dar o troco a alguém.
Aproximei-me vagarosamente, da janela, para ouvir o que a sua velha loucura cínica resmungava, quando fui flagrado, espiando a intimidade do seu terraço. Fui agarrado, por sua mão tresloucada e arrastado, para dentro da casa, com a fúria insaciável dos loucos.
A sentença foi patética, a afirmação da senhora havia me encucado: "vou fritar alguns ovos para você comer...". A minha admiração e indagação sairam na mesma intensidade, com que recebí a sentença pela peraltice. Por quê ovos fritos?
A resposta entresticida, angustiada, dócil, serena, convicta e racional surgiu fulminante: "é porque, somente quando, os meninos vadios atiram pedras na minha janela, alguém me dá
atenção e eu tenho contato, com os que se dizem normais".
" Comendo ovos, você com certeza, terá mais vigor, mais força, para atirar pedras na minha janela e me tirar da alucinante solidão em que vivo e voltar a este mundo insensato e ridículo e....prazeirozamente, xingar a todos".
Dona Eletricina! HOJE EU ME LEMBREI DA SENHORA. DAQUELE DIA. É QUE ATIRARAM UMA PEDRA NA MINHA JANELA.





